sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Cuidando dos nossos velhinhos!


Quanto mais o tempo passa mais eu digo "meus pais tinham razão"...

E a cada dia eu entendo melhor cada atitude deles...

Hoje, sinto uma saudade imensa da minha mãe que está há quase 4 meses no Japão, pois precisou ir para lá cuidar do meu avô que ficou doente. Depois, ele acabou falecendo e minha mãe ficou um pouco mais para confortar a minha avó. Agora lembro daqueles dias na adolescência, em que eu sonhava com o dia em que seria "independente" e poderia sair da casa dos meus pais e ter "minha própria vida"! Que bobagem querer ficar longe deles!!

Nos últimos tempos, a vida tem me ensinado muito sobre "retribuir" o carinho, as broncas, os mimos, enfim, os cuidados todos que os nossos pais têm em relação a nós, filhos, durante toda a vida... Hoje sou eu quem tenho que dar bronca no meu pai e dizer para ele não comer tanta besteira, lembrá-lo de tomar os remédios e mandar vestir o casaco para não pegar um resfriado; sou eu que dou bronca na minha mãe para ela não atravessar a rua correndo, que digo para não comer tantos doces e para ser menos teimosa e ouvir o que tenho a dizer; agora sou eu quem marca os médicos e os exames deles e os acompanha, sou eu quem vai segurar a mão deles para dar força na hora da injeção, sou quem vai para a cozinha fazer comidas saudáveis e ficar brigando quando eles fazem cara feia para o prato de legumes...

E quando me dizem que sou muito brava, tenho que dizer: "eu dou bronca porque eu me preocupo com vocês, porque quero o bem de vocês!" e na sequência sempre paro pra pensar que estou falando igualzinho ao que eles falavam para mim e para o meu irmão quando éramos crianças...

Agora eu tenho que resolver as questões burocráticas de bancos e companhias telefônicas, porque eles não entendem direito a tal da tecnologia e porque já não escutam direito... Agora eu tenho que ler as embalagens dos alimentos para ver o que eles podem e o que não podem comer porque eles não enxergam direito...

São tantas inversões...

Mas sou muito grata à vida, por me permitir retribuir pelo menos um pouquinho por todo o cuidado, por todo o amor e carinho que recebi deles... Hoje entendo que em alguns momentos a preocupação que sentimos é tão grande que primeiro a gente dá bronca e depois para pra pensar na felicidade de ter quem a gente ama bem e por perto... Meus pais se sacrificaram muito para dar a mim e ao meu irmão todas as oportunidades que tivemos na vida e, mesmo que tenham sido ausentes em alguns momentos, até isso entendo que foi para o nosso bem, para que eu e o Chá nos tornássemos mais amigos, para que aprendêssemos a cuidar um do outro e para que fosse possível termos as oportunidades em termos de educação, lazer e tantas outras coisas que tivemos nas nossas vidas...

Sou muito grata aos meus pais por tudo. E acho que alguém que não é capaz de perceber que não somos nada sem eles, alguém que não reconhece que sem seus pais não teria sobrevivido nem o primeiro mês de vida e, que sem as broncas e até sem aqueles momentos de revolta infantil de nossa parte em que gritamos para o mundo que eles não nos entendem, que eles são os cabeças-duras etc. não seríamos metade do que somos hoje, não é capaz de compreender a si mesmo como adulto!

Afinal, o que seria das folhas se não estivessem presas à árvore?? Num primeiro momento poderíam sair livres voando pelo mundo, mas quanto tempo isso duraria até que caíssem no chão e apodrecessem ou secassem e fossem pisoteadas... As folhas que sempre seguem em frente são aquelas que crescem fortes em seus galhos, podem ir muito alto, podem distanciar bastante do tronco da árvore, mas é importante sempre reconhecerem que o tronco da árvore é que é a base de seu sucesso.

Então vamos cuidar dos nossos velhinhos com muito respeito e gratidão, né?!

;)