terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Ornitorrincos na área de serviço

Superada a questão do ornitorrinco! Afinal tenho sido um ornitorrinco a minha vida inteira e não tenho do que reclamar... Até que é legal não ser muito uma coisa nem outra, dá um tom de mistério sobre quem sou (risos) e me possibilita viver o que há de melhor nos diferentes mundos a que pertenço.

A orquídea que ganhei para enfeitar a sala, só ficou lá enquanto cumpria com esse triste destino. Mas um dia eu mudei seu destino, quando notei que ela ficava mais feliz escondidinha na área de serviço, onde tem muito vento, luz do sol indireta e até uma chuvinha de vez em quando. E foi assim que eu decidi que o destino da minha orquídea era ser uma plantinha feliz e saudável, em vez de um ornamento pomposo no meio da sala com a única finalidade de ser agradável aos olhos das pessoas.



"Mas de que serve uma flor tão bonita se ela fica escondida das visitas?"

Assim como a orquídea, eu tinha um destino traçado, um sonho antigo da minha mãe de que eu fosse uma executiva, somado ao orgulho do meu pai pela minha habilidade com as comunicações e as relações sociais e, ainda, com o meu desejo de deixar meus pais e meu irmão orgulhosos de mim. Aos 18 aninhos de idade tomei decisões fundamentais para a minha vida, que resultaram na Relações Públicas, formada na Universidade de São Paulo, desempregada e com uma grande inquietação por dentro, querendo ser mais do que aquilo que eu havia me tornado.

Sem arrependimentos! Se não tivesse feito essas escolhas, não teria conhecido algumas das melhores pessoas do mundo. Amigos incríveis e o meu namorido foram frutos das escolhas que fiz até aquele momento.

Mas, como a orquídea, embora eu tivesse, digamos, uma tendência natural a servir para aquela função, ou para cumprir aquele destino, seria um triste destino se eu me restringisse àquilo. 

E uma reviravolta ocorreu. Da mesma forma que um dia coloquei a orquídea na área de serviço, que seria só por uns dias, somente enquanto eu estivesse viajando, e assim descobri, sem querer, que ela era mais feliz ali. Um dia resolvi fazer aulas de vela com meu namorido, que é caiçara das Alagoas, que sempre teve muita vontade de aprender a velejar, mas sempre postergou o primeiro passo. Eu sabia que eu terminaria não gostando, já fui preparada para fazer apenas uma aula, dizer que não era para mim e sair, teria ido apenas para incentiva-lo, mas acabei me apaixonando pela vela, pelo mar e por tudo o mais que nos envolve nesse meio.

Eu descobri onde a minha felicidade estava. Mas ainda precisaria convencer a mim mesma e a todas as outras pessoas de que mudar o meu destino não era errado.

"Porque mesmo escondida, a orquídea continua sendo uma bela flor, continua a cumprir com a sua função de embelezar o mundo e me faz sorrir toda vez que entro na cozinha ou na área de serviço e a vejo tão bem."

Quando me convenci de que eu deveria seguir o meu coração e ir para onde eu era feliz, não foi fácil. As outras pessoas ainda não entendiam, e o próprio sistema criou empecilhos, eu quis fazer o mestrado na área de Gestão Ambiental Costeira, mas a instituição exigia formação na área de exatas ou biológicas. Fiz, então, uma especialização lato sensu em Gestão e Tecnologias Ambientais, para que depois pudesse fazer o tal mestrado, pois nesse caso eles me aceitariam. 

E quando já estava terminando a especialização, percebi que eu estava "dando murro em ponta de faca", porque por mais que eu tivesse uma pós graduação lato sensu e depois fizesse uma stricto sensu na área ambiental costeira, no meu currículo eu sempre seria RELAÇÕES PÚBLICAS. Eu sempre seria vista como uma aberração, formada em humanas e tentando me inserir num mundo diferente do meu. Seria como se eu tentasse manter a orquídea na sala e levando de vez em quando para a área de serviço, ela não seria totalmente feliz, nem cumpriria totalmente com a função de estar sempre enfeitando a sala. 

Assim, com o apoio do meu namorido e com a compreensão dos meus pais, parti para a atitude mais drástica: RECOMEÇAR. Prestei vestibular, passei e estou matriculada. Vou fazer o curso que é exatamente o que eu gostaria de fazer: Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia com ênfase em Ciências do Mar + Engenharia Ambiental Portuária + Engenharia de Petróleo e Energias Renováveis + Oceanografia. Sim, isso tudo aí. (risos) Esse novo formato de curso que as Universidades Federais estão adotando agora, é o que há de mais atual em termos de educação superior, ao invés de seguir aquele padrão francês que estamos acostumados, segue um modelo da Declaração de Bolonha (http://pt.wikipedia.org/wiki/Declara%C3%A7%C3%A3o_de_Bolonha), que reestruturou o ensino superior na Europa. Nesse modelo, você escolhe o curso de Bacharel em Ciência e Tecnologia se quiser ir para a área de exatas ou biológicas, ou escolhe o curso de Bacharel em Ciências Sociais e Humanidades se preferir as humanas, daí são três anos de curso e depois você escolhe outro(s) curso(s) de dois ou três anos (cada) que será o "complemento", se quiser. 

Lógico que sempre serei Relações Públicas e pretendo utilizar o meu talento natural para as humanas e, especificamente, para a comunicação, mesmo sendo engenheira. Porque o lugar da orquídea é na natureza, mas já que no comecinho da vida dela, já foi destinada a ser um enfeite e vendida numa loja, eu faço dela um "ornitorrinco" e deixo-a sendo feliz na minha área de serviço. E eu serei também um "ornitorrinco" pra sempre, buscando aproveitar o melhor de cada uma das partes dessa mistura, vivendo na "área de serviço"da vida, onde o importante é ser feliz e não cumprir com o que a sociedade espera de você.



CORAGEM para perseguir seus sonhos é tão importante quanto saber exatamente quais são os seus sonhos. Por isso deixo aqui a minha campanha para que todos sejamos "ornitorrincos na área de serviço" da vida.

Obs: Texto dedicado à Nancy Kazumi Taniguchi, que me inspirou a percorrer meus sonhos, que é um exemplo a ser seguido, que me apoiou muito e que é mais um "ornitorrinco na área de serviço" da vida. Parabéns pela formatura, Ka!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

"Crítica Viciosa"

Acho interessante a fixação que as pessoas têm pela imagem que passam de si. A maioria esconde uma parcela recalcada no recanto mais obscuro de si, na qual está claramente uma grande vontade de ser, mesmo que por míseros segundos em suas vidas, um pouquinho como aquelas pessoas que elas criticam.

Não sei se isso é o que chamam de inveja... Na verdade, acho que não. O fato é que existe uma fixação por ser uma pessoa mais madura, em ter um corpo bonito, em ser inteligente, em ser bem sucedido profissionalmente, em ter um grande amor e ser correspondido, em ficar rico, em ser uma pessoa bondosa, em ser politicamente engajado, em ser politicamente correto, em ser moderno, mas ao mesmo tempo gostar dos clássicos, em ser audacioso, mas ao mesmo tempo responsável e cauteloso.

Mas se a pessoa é feliz do jeito que é, quem tem o direito de criticar a felicidade?!?!

Vejo tantas moças criticando as "piriguetes", mas que atire a primeira pedra a moça que nunca foi pelo menos um pouquinho "piriguete" ou que não quis ser, mesmo que fosse só por alguns instantes, só pra ter coragem de se insinuar para AQUELE carinha lindo, ou só mesmo para saber como é? Toda mulher tem uma "piriguete" dentro de si. Algumas mulheres escancaram logo, outras vivem isso como uma fase da vida e outras reprimem isso e passam a criticar as outras.

Da mesma forma, tantas pessoas falando da infantilidade alheia. E daí?! Se a pessoa tem tendência infantis? Mas ela está prejudicando alguém por isso? Está deixando de cumprir com suas responsabilidades? Se estiver causando problemas para essa pessoa ou para quem está em volta, concordo que talvez precise de ajustes, mas caso contrário, que mal há em vestir-se com roupas que lembrem roupas infantis, ou colecionar brinquedos, ou falar esquisitinho?

E tanta gente preocupada com o que os outros postam! (risos) Sério! Se não te interessa, não leia, bloqueie a pessoa ou pule o post para o próximo, ou em último caso, pare de utilizar redes sociais, de ver blogs e fóruns... Se a pessoa quer postar fotos de comida, deixe postar, de repente você até encontra alguma boa receita para pedir. Se a pessoa quer postar mensagens de auto-ajuda, aproveite para repensar algumas coisas da sua vida, ou simplesmente não leia! Se a pessoa quer postar milhares de mensagens melosas sobre o quanto está apaixonada, se isso te incomoda, arranje um namorado(a) ou simplesmente pare de ler! Se ver as fotos das viagens dos seus conhecidos te causa algum tipo de aversão, minha sugestão é que comece a viajar também ou que não perca seu tempo vendo fotos de outros.

Realmente não sei o motivo de querer se passar por uma pessoa virtuosa, discreta, responsável, madura, inteligente,  bem sucedida, engraçada, bla bla bla... através da crítica aos outros. Até porquê, estamos todos no mesmo barco, uma vez que tomamos a decisão de nos expormos na internet, seja em sites pessoais, em redes sociais, em blogs, em fóruns ou no que quer que seja, estamos tomando como princípio que o que nós postamos é sempre algo muito bom e interessante e daí, como podemos criticar os posts alheios, se eles também estão postando o que acham interessante ou importante de ser compartilhado, talvez essas pessoas também nos achem chatos, pedantes ou exibicionistas?!?!

Acho que internet, no geral, pode ser uma boa fonte de informações, se soubermos triar as que forem realmente relevantes; mas acho também que isso aqui é lazer, é o momento "mamãe estou na mídia" de cada um e, certamente, seria muito mais agradável, se as pessoas soubessem respeitar as opiniões alheias, as culturas alheias e aprendessem a ser menos estressadas e simplesmente ignorassem aquilo que não lhes interessa...

Mas... é só a minha opinião... e com certeza muita gente vai discordar! (risos) E eu mesma estou aqui criticando quem critica... (risos) Melhor parar por aqui porque isso é um círculo vicioso... E depois desse post, vou respeitar quem quiser criticar as outras pessoas, simplesmente deixando de ler o que os tais críticos andam postando!

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Excessos

"Excesso de amor mata!"
"Excesso de felicidade irrita"
"Excesso de inteligência chateia"
"Excesso de paciência gera aproveitadores"
"Excesso de stress dá gastrite - no mínimo!"
"Excesso de comida gera obesidade - também, no mínimo!"
"Excesso de fome dá fraqueza"
"Excesso de riqueza gera desigualdade social"
"Excesso de ambição resulta em pessoas tristes e ricas"
"Excesso de conformismo acaba em si"
"Excesso de sonhos gera infelicidade"
"Excesso de realidade termina em depressão"
"Excesso de motivação resulta em decepção"
"Excesso de energia acaba em cansaço"
"Excesso de atenção enjoa"
"Excesso de carência afasta"
"Excesso de conhecimento gera dúvidas"
"Excesso de informação atrapalha"
"Excesso de vazio desanima"
"Excesso de educação constrange"
"Excesso de rudez revolta"
"Excesso de pobreza alimenta a violência"
"Excesso de saudade dói no peito"
"Excesso de coisas ocupa espaço e é burrice"
"Excesso de saúde gera gente neurótica"
"Excesso de amigos causa inveja"
"Excesso de inveja leva à frustração"
"Excesso de tristezas adoece"
"Excesso de conquistas cega"
"Excesso de derrotas desmotiva"
"Excesso de álcool prejudica"
"Excesso de injustiças geram descrença"
"Excesso de justiça não existe"
"Excesso de trabalho gera falta de tempo"
"Excesso de falta de tempo resulta em pessoas que sobrevivem - não as que vivem!"
"Excesso de pensamentos causa insônia"
"Excesso de não-pensar gera vazios"
"Excesso de paz cansa"
"Excesso de violência demonstra falta de pensar"
"Excesso de praticidade deixa a vida sem graça"
"Excesso de complexidade atrasa"
"Excesso de responsabilidade não diverte"
"Excesso de diversão aliena"
"Excesso de foco se chama hiperfoco e é característica de DDA - Disturbio de Déficit de Atenção"
"Excesso de desatenção torna improdutivo"
"Excesso de produtividade tende ao excesso de não ter o que fazer"
"Excesso de esperteza tende à corrupção"
"Excesso de excessos desequilibra"

Mas o equilíbrio traz a sensação de completude, que por sua vez traz paz e felicidade e, que normalmente vem como consequência de muito amor, respeito, compreensão... Então o equilíbrio e o desequilíbrio vêm juntos, equilibrados numa balança que hora pende para um lado e hora para o outro. Seriam os excessos parte do equilíbrio embora sejam seu oposto?

E afinal o que é o "sim" sem o "não"? Ou o que é o "muito" sem o "pouco"?

Antagônicos e complementares...

O equilíbrio só é alcançado com o desequilíbrio que alterna os lados. E o desequilíbrio vem do excesso de excessos, que quebram o equilíbrio e o tornam possível.

Interessante esse tal de equilíbrio, né?!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Amigos, veleiros, solidão e metáforas bobas

Dias atrás, fui a uma entrevista de emprego. 

A psicóloga perguntou-me: 
- "Qual seu maior sonho?"

Eu respondi prontamente: 
- "Sair velejando pelo mundo no meu veleiro com o meu marido até ficarmos bem velhinhos". 

E ela fez uma careta, disse: 
- "Que diferente! E você não acha que isso é muito arriscado, muito perigoso?"

Eu rebati:
- "Mas o que é a vida sem riscos? Estar vivo é correr riscos. Se eu não me arriscar nunca, se viver sempre na minha zona de conforto, é o mesmo que não viver. Não estou me referindo a ser imprudente, pois tudo deve ser planejado..."

Ela me olhou com uma careta diferente e falou:
- "Mas só você e o seu marido? E filhos?"

Eu ri e respondi sem pestanejar:
- "Não queremos. Não planejamos ter filhos. Se algum dia acontecer, pretendemos ser os melhores pais do mundo, mas garanto que faremos todo o possível para nunca acontecer"

Ela fez a careta de novo e disse:
- "Mas é uma vida muito solitária! E os amigos, então?! E a família?!"

A essa altura da entrevista, achei que a mulher me jogaria pela janela e me chamaria de subversiva! (risos). Mas eu logo respondi para ela que amigos são família que a gente escolhe e que, sendo família, são nosso porto seguro. Mesmo com a distância, mesmo com o passar do tempo, mesmo que todos estejam sem tempo e morando a quilômetros de distância, nada muda, continuamos fiéis uns aos outros, continuamos leais, continuamos torcendo uns pelos outros, continuamos desejando o que há de melhor uns para os outros e nos momentos difícies, atravessamos todas as barreiras para de alguma forma confortarmos ou pelo menos dizermos "Ei, estou aqui! Se precisar de mim é só falar...".

Não sei se fui radical demais para os padrões da moça e por isso não consegui o emprego. Mas acredito que todo relacionamento deve ser baseado em honestidade, em verdade, inclusive de emprego. E eu fui muito sincera com ela.

Mas essa história da entrevista foi só para ilustrar, porque a verdade é que essa psicóloga que me entrevistou, não conseguiu até o final entender que não há nada de solitário em seguir suas convicções e seu próprio caminho. Utilizando a metáfora do mar, mesmo que você navegue sozinho ao redor do mundo, carrega sempre no seu coração e no seu  pensamento as pessoas que você ama, mesmo que algum problema técnico te impeça de entrar em contato com essas pessoas por muito tempo, sempre existirá um fio de comunicação imaterial que une as pessoas que se gostam através do pensamento e dos sentimentos e, sempre que você aportar vai poder encontrar com as pessoas importantes e, acredite, elas sempre estarão te esperando no porto. Mesmo que você não consiga avisá-las da sua chegada, elas saberão intuitivamente quando você estiver precisando delas e irão ao seu encontro.

Fora da metáfora, mas ainda falando sobre navegar, posso garantir que não há nada de solitário mesmo nisso. Se eu for pensar na quantidade de pessoas maravilhosas que eu e o namorido encontramos no nosso caminho, nesse meio da vela, pessoas incríveis, verdadeiras, aquelas pessoas que têm uma energia tão boa que mesmo antes de conhecê-las bem você sente que são seus velhos amigos. Pessoas prestativas, pessoas com uma espiritualidade totalmente diferente do que encontramos no dia-a-dia no meio da correria e do stress da vida "normal".

Mas, de volta à metáfora, meus AMIGOS, aqueles que sabem que são especiais para mim, aqueles que sabem que são FAMÍLIA para mim e, a minha FAMÍLIA que foram os meus primeiros AMIGOS, acreditem, eu sempre carrego vocês no coração e em pensamento em cada uma das minhas velejadas, sejam as velejadas solo ou aquelas em que carrego de verdade alguns de vocês no mesmo barco! Eu nunca me sinto só e espero que vocês também nunca se sintam sós, porque de alguma forma estou sempre pertinho de cada um. E, novamente, saindo da metáfora, espero ter ainda muitos de vocês no mesmo barco que eu, velejando juntos, de verdade, compartilhando um pouco desse mundinho mágico que flutua!

E cada um de vocês, pessoas especiais na minha vida, seguem seus próprios rumos, muitas vezes nos afastamos, mas eu aprendi que a melhor parte da distância, do isolamento (notem que eu disse ISOLAMENTO e não SOLIDÃO!) é a saudade! Porque sempre que partimos numa jornada, o retorno ao "lar" é sempre delicioso, o reencontro com os que amamos, colocar as novidades em dia, compartilhar nossos progressos, nosso amadurecimento, nossas alegrias e tristezas... 

Ressaltei a diferença entre ISOLAMENTO e SOLIDÃO, porque para mim, o ISOLAMENTO tem a ver com a necessidade que temos de seguir por nós mesmos, sozinhos, nossos caminhos, fazer escolhas, nos arriscar, crescer, sonhar, conquistar. Essa é a aventura da vida e pode acontecer enquanto estamos cercados de pessoas ou quando estamos realmente sós. Já a SOLIDÃO tem a ver com o sentimento de não pertencer a lugar algum, de não carregar consigo os amigos no pensamento nem no coração e de não ser carregado por eles; a SOLIDÃO é a tristeza daqueles que mesmo cercados de pessoas e de pseudo-amigos, sabem bem lá no fundo, que são relações superficiais e que numa necessidade não poderão contar com esses. De volta à metáfora: ISOLAMENTO é a busca individual pelo seu crescimento, mas sempre com aquele sentimento bom de saber que quando retornar ao seu porto, aqueles que são especiais em nossas vidas estarão lá; SOLIDÃO é como estar num barco com vários "amigos" que se divertem e aproveitam aquele momento com você, mas que no momento da tempestade, se lançarão em outras direções, procurarão um lugar seguro no porto mais próximo e te deixarão para que se salve por si mesmo e, quando você chegar no porto, não haverá ninguém para te receber, para te dar roupas secas e um chocolate quente.

Então FELIZ DIA DO AMIGO, a todos esses seres tão especiais na minha vida! (risos) E felizes, porque mesmo seguindo nossos rumos isoladamente, nunca saberemos o que é a solidão, afinal sabemos que podemos esperar uns pelos outros no porto e, se algum de vocês precisar de um resgate em alto mar, eu alugo um helicóptero para ir resgatar! (mas não sei pilotar helicóptero, então talvez seja um resgate um pouco atrapalhado!! risos). Mas tudo bem, né?! Vocês já estão acostumados com esse meu jeito desajeitado! (risos) E desse mesmo jeito atrapalhado, amo todos vocês.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Janelas da alma

O dia hoje amanheceu muito bonito. Céu cinza! Adoro céu cinza! Pena estar enclausurada na minha prisão urbana, porque dias assim rendem maravilhosas caminhadas na praia.

Levantei cedo, lavei a louça do jantar de ontem, que ainda estava na pia. Hoje ainda mais cedo, o namorido levantou, se arrumou e foi trabalhar. Coitado! Emenda de feriado, mas a empresa onde ele trabalha nunca emenda nada...

Depois de cuidar da louça do jantar, passei um café bem forte, peguei a minha tigelinha cheia de leite bem quentinho com granola light de maçã (hummmmm... está fantástica!!!). Sentei na frente do computador e comecei a rotina diária de verificar e-mails. E já começo o dia rindo! Vagas de emprego: ajudante de mecânico! Hein?! Esses sites de empregos são mesmo uma piada, é cada vaga que me aparece, que por vezes já tive vontade de xingar, de gritar, de arremessar o computador na parede e de chorar, mas hoje eu simplesmente dou risada! No primeiro dia que entrei em cada um desses sites, passei horas com aquela chateação de preencher cadastro, muitas vezes o site tinha algum pirepaque e eu tinha que recomeçar a escrever, assinalar etc. etc. e no final das contas, diariamente aparecem vagas que não têm absolutamente nada a ver com o perfil que solicitei o monitoramento. Eu poderia ficar muito brava, muito chateada e estressada, mas acho que pior ainda é para o ser humano que fez a programação daquele site, cujos filtros simplesmente não funcionam! (risos)

Depois fui dar uma olhadinha no que as pessoas estão fazendo, ou seja, xeretada básica no facebook. Mensagens de deus, mensagens sobre cachorros, mensagens sobre finais de semana fenomenais, mensagens sobre futebol, mas o que me espanta é a quantidade me mensagens pessimistas, depressivas ou de tentativa de auto-afirmação. Tantas pessoas infelizes, frustradas e algumas que são só reclamonas e ranzinzas mesmo!

Outro dia li em uma daquelas mensagenzinhas de facebook, com fotinhos bonitas e tals, estava escrito assim: "Felicidade não é um objetivo de vida, mas sim, um caminho que escolhemos para viver". E esse foi um daqueles momentos raros em que alguma coisa no facebook realmente prende a nossa atenção, porque faz todo o sentido em nossas vidas. A verdade é bem essa mesmo, já há muito tempo, aprendi que a gente não deve passar a vida toda correndo atrás da felicidade, devemos é viver intensamente com a companhia dela. E na mesma semana uma outra mensagenzinha de facebook me marcou, ela dizia: "A vida não é sobre esperar a tempestade passar, mas de aprender a dançar na chuva".

Algumas pessoas que se consideram grandes sofredoras, só conseguem ver seu próprio sofrimento e não notam que ao redor existem pessoas com sofrimentos imensos também, mas que não se deixam abater. Não estou aqui pra falar do quanto eu já sofri ou de cada um dos problemas que já enfrentei na minha vida, mas posso dizer que de tanto chorar, minhas lágrimas secaram, de tanto ficar triste, eu cansei. E hoje prefiro sorrir e ser feliz, que me desgastam menos e me tornam uma pessoa melhor para conviver, tanto para os que estão à minha volta, quanto para mim mesma. Sim, porque por vezes, nem eu mesma me aturava!

Quando comecei a escrever esse post, estava tomando meu café, olhando pela janela do apartamento, observando as coisas que me fazem feliz: o céu cinza, a chuva caindo, o Parque do Estado todo verdinho, os aviões decolando desafiando o bom senso e provando que a física é mesmo linda! Eu estava observando, pensando sobre as pessoas que reclamam tanto ou que escrevem aquelas mensagens ou textos que visivelmente são uma forma de tentarem convencer a si mesmas de que a vida vai melhorar ou de que ela nem é tão ruim... E, para ser sincera, eu estava esperando era a chuva diminuir umpouco para eu poder sair e resolver algumas coisas que preciso fazer na rua. Depois de escrever aquela frase sobre a vida, de não esperar a tempestade passar, mas aprender a dançar na chuva, percebi que eu poderia só terminar de escrever esse post, para que algumas das pessoas que andam tão pessimistas, pudessem ler e então eu já poderia sair, independente da chuva ter diminuído ou não, afinal, a vida não é sobre isso, né?! (risos) Mas enquanto eu escrevia, a chuva parou! (risos)

Então eu espero que a carapuça sirva em quem tiver que servir... E gostaria que essas pessoas entendessem que a vida sem sofrimentos e obstáculos, seria muito chata! A gente precisa de um pouco de aventura, de um pouco de emoção e, com certeza, todas as conquistas são mais doces quando o sacrifício para alcança-las é grande.

O que tenho pra dizer é que não viemos a essa vida para sofrer, viemos para sermos felizes, então pare de se lamentar pelos problemas, preste atenção no que há de bom ao seu redor, sorria e a vida sorrirá de volta. Aprenda a encontrar a felicidade em cada segundo da sua vida, seja ela como for, ao invés de olhar a felicidade dos outros e querer para si. Encontre a sua própria felicidade, ela está à sua volta, você é que está deixando de ver porque faz os seus problemas parecerem tão grandes que eles encobrem a felicidade. Ela está lá, bem ali, escondidinha atrás daquele problema que você pensa que não tem solução.

Mas não posso culpar ninguém por escrever sobre tristeza e sofrimento, porque, em geral, escrevemos sobre aquilo que estamos vivendo. Por isso eu escrevo sobre a felicidade. Espero que daqui a alguns dias, quando entrar no facebook, existam mais textos e mensagens sobre felicidade, amor, paz e alegria do que sobre sofrimento, tristeza, decepção e falta de esperança. Afinal nossos textos são as janelas das nossas almas.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Águas passadas

Era tarde de um domingo, passava pouco do horário do almoço. A brisa era leve, de fato, pouco mais do que 8 nós de vento faziam o veleiro movimentar-se lentamente.

Ele estava sentado, olhos no horizonte, no bordo de boreste da embarcação. Ela estava no bordo de bombordo, mão direito na roda de leme, observando o movimento das ondulações do mar que ia e vinha devido à proximidade das rochas no lado leste de Ilhabela, rumando sul para completar a volta.




O que poderia ter sido uma tarde comum de domingo, tratava-se na realidade de uma experiência espiritual. Sim, porque a cada nova empreitada com velas ao vento, nos borrifos salgados que iluminam os rostos daqueles que amam o mar, há sempre uma experiência espiritual.

Ele tentava compreender se aquela sensação se devia a todo aquele contato com a natureza: o vento, o mar, o sol, a exuberância daquela região tão pouco explorada de Ilhabela, as aves marinhas, tartarugas que cruzam o caminho...

Ela prestava atenção nas nuvens cinzentas que se formavam no horizonte: "Deve estar chovendo forte em Santos". Respingos salgados tiraram sua atenção daquele pensamento, aquelas gotículas salgadas no rosto traziam a lembrança de tempos passados, da infância naquele mesmo mar, pouco mais a oeste, no Canal de São Sebastião, na praia de São Francisco, sentada na areia, brincando na água do mar, junto de seu melhor amigo, o irmão sete anos mais velho, outro apaixonado por aquele mundo de água de salgada.

Ele é caiçara, nascido em Alagoas, passou os primeiros anos de vida na bela praia de Paripueira, um peixinho de água salgada desde o nascimento.

Ela, apesar de nascida em ambienta mais urbano, teve na infância o contato com a natureza que toda criança deveria ter. Aos 6 meses de vida foi a primeira vez que ela entrou no mar, naquelas águas mansas de São Francisco.

Paripueira significa "águas mansas" em tupi, engraçado como antes mesmo que eles se conhecessem, a vida no mar já os aproximava.

Ele em Alagoas, ela em São Paulo, quem poderia imaginar que um dia seus destinos se cruzariam? Quem poderia dizer que estaríam, literalmente, no mesmo barco, algum dia?

Ela tinha no irmão, o exemplo, a amizade, o conforto, o suporte para a vida... Mas a vida às vezes é irônica. Um infarto fulminante, levou desse mundo, aos 28 anos de idade, o irmão-amigo. Ela viu seu mundo cair, mas a ironia da vida trouxe naquele momento, o homem de sua vida, com todo o suporte que ela precisou naquele dias nebulosos, com muito amor, respeito e admiração pela força que ela demonstrou ter para superar tudo aquilo.

Ele é o amor da vida dela, o homem que entrou na vida dela no momento certo e trouxe de volta a magia do mar. E ela foi quem o apresentou àquele paraíso na terra, foi ela, ainda com o irmão junto que o levaram para aquele que o casal passou a chamar de "o mar do coração" ou o "mar doce lar" deles.

E nesta tarde de domingo, o casal está no veleiro, vento de sul, agora já uns 14 nós, a contra-vento, seguindo, rumo à volta completa em Ilhabela, com um pôr-do-sol estonteante e uma tempestade linda e tenebrosa se aproximando. E os respingos salgados que trouxeram as belas lembranças, são águas passadas, bem como toda aquela vida que já passou. Diz a sabedoria popular que águas passadas não movem moinhos, mas para Ela, ali, sentada a bombordo do homem que ama, águas passadas movem mais do que moinhos, movem veleiros, movem sonhos, movem vidas, movem histórias, movem destinos.

O belo Cabo Horn 35 que os levava nessa magnífica jornada espiritual, de lembranças e aprendizados, de planos para o futuro e sonhos a serem alcançados, é uma metáfora materializada do que é a vida. Juntos, no mesmo barco, com passados diferentes, pois o que cada um viveu dentro da mente até aquele ponto é pessoal e intocável, mas estavam sempre de alguma forma ligados por uma paixão: o mar. E naquele magnífico pôr-do-sol, de repente seus corações e pensamentos se cruzaram, tantas aventuras juntos, agora ainda embarcados nessa vida a dois, com sonhos, objetivos e planos em comum.

ELA sou eu! E a minha vida vem em rajadas fortes e assustadoras, cheias de respingos de água salgada cheios de lembranças e aprendizados, sempre lavando a minha alma com água salgada, me renovando e revitalizando para os novos caminhos que as próximas velejadas mostrarão à minha frente.

Velejar é sempre uma experiência espiritual que nos coloca em contato direto com a natureza e nos deixa tão dependentes dos fatores externos, que nos ensina sempre a humildade de saber que não temos controle sobre tudo, que nos ensina a necessidade de sermos flexíveis e nos aproxima tanto do mundo espiritual que é quase sempre possível vislumbrar nos lugares mais improváveis um pouco daquilo que nossas almas refletem para mostrar o caminho para a realização dos nossos sonhos mais profundos.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Nordestinos, USP e UFC

Lá vou eu com as minhas saladas...

Hoje, durante o café-da-manhã, meu pai comentou: "A Globo é fogo, né?! Tiraram os direitos da Rede TV de televisionar o UFC!! Aposto que nem vão passar as lutas, só fizeram isso para não deixar a Rede TV ficar com o ibope... Porque a Globo viu o sucesso que foi quando o UFC foi no RJ". Eu quase caí da cadeira! Como assim??!! UFC na Globo??!!! Daí vi que eles planejam passar uma luta já no dia 12 e que pretendem fazer até um reality show! Hein?! Será que dá pra botar fé nisso?? Será que dessa vez não vão dar mancada como costumam fazer todas as vezes que conseguem exclusividade para televisionar qualquer outra coisa e acabam passando na hora que querem apenas o que querem! E os fãs que fiquem chupando o dedo!!

Bom, pra ser sincera, mesmo sendo fã de UFC e de artes marciais em geral desde pequenininha por causa da influência do meu irmão mais velho, o UFC não é o tema desse meu post. A verdade é que essa história me fez lembrar da minha época de estudante da graduação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Eu nunca fui das pessoas mais envolvidas com DCE e com a maioria das pessoas que "viviam" a Universidade, "respiravam" a Universidade, compravam as brigas, faziam as paralizações, reivindicações etc. Eu sempre ia para a aula, no horário exato dela, se por acaso o professor tivesse faltado ou por qualquer outra razão não tivesse aula, eu imediatamente dava meia-volta e retornava ao ponto de ônibus para regressar à minha casa. Não gostava de ficar no Centro Acadêmico e, junto com o meu seleto grupinho de amigos, costumávamos não nos envolver demais em nada que dissesse respeito aos "ideais" da instituição. No entanto, lá do nosso ladinho, havia um caldeirão em ebulição! Os tais subversivos, os revolucionários, os idealistas... Pichavam palavras anti-Globo e anti-Imperialismo... Era até divertido! (não quero me indispor com nenhum dos meus amigos! mas pra falar a verdade eu nunca concordei muito com certos tipos de manifestações, achava que com tanta tecnologia e  com tanta "inteligência", bem que poderíamos pensar em maneiras melhores de nos fazer ouvir! Afinal estávamos na Escola de COMUNICAÇÕES e ARTES de uma das melhores Universidades do País!!! Cadê os nossos conhecimentos de comunicação e a nossa criatividade??!!)

É verdade que a rede Globo é conhecida por "mandar" na mídia brasileira, a nossa agenda setting é basicamente ditada pela Globo! Mas hoje em dia, a Rede Record, por exemplo, faz uma afronta à altura, e eu acho isso fantástico, pois diminui um pouco aquela aura de "toda poderosa" da Rede Globo. E não vou ser hipócrita! Lógico que assisto a alguns programas na Globo, bem como na Record, no SBT e em qualquer outro canal, sem preconceito, se o programa me interessar eu páro e assisto. Mas na Universidade parecia que havia um movimento que colocava a Rede Globo como se fosse o demônio! E o que me fazia rir era que todo mundo bem que gostava quando a Rede Globo doava equipamentos antigos para a Escola de Comunicações e Artes, bem que todo mundo (em segredo) se candidatava ao processo seletivo de estágio e trainee da Rede Globo quando eles colocavam os cartazes nos murais da Universidade. Mas o que me fez rir "litros" foi quando o Pedro Bial foi convidado para participar do Café Acadêmico (um evento realizado pela ECA-Jr, a empresa júnior da escola, no qual uma personalidade do meio da comunicação era convidada para um "bate-papo" com os alunos). Naquela ocasião os alunos que JAMAIS admitiam que assistiam à Globo e tals, encheram o pobre coitado do Pedro Bial somente com perguntas sobre o BBB!!!! 'o_O Pelamordedeus!!!!!!! O cara é um excelente jornalista, cronista muito talentoso, como jornalista cobriu momentos históricos da humanidade como a Guerra Irã-Iraque, a queda do Muro de Berlim!!!! E os tais intelectuais da Universidade que diziam que não sucumbiam aos apelos da imperialista Rede Globo e tais programas de baixo nível, só falavam do BBB!! Muito bem, pessoal, o BBB é mesmo um programa muito cult e relevante para a nossa história!! (risos)

E mais uma vez, sem hipocrisia, que fique bem claro que eu já tive a minha fase de assistir BBB, mas como eu comecei a achar que estava ficando muito chato, parei de assisir.

Tudo isso que falei foi pra lembrar que a "toda poderosa" Rede Globo tem defeitos e vulnerabilidades como qualquer outra, lembrar que apesar das suas tentativas de continuar com sua hegemonia, com o crescimento de outras emissoras de televisão e a difusão de outras mídias, principalmente a internet, os públicos estão ficando mais diversificados, mais exigentes e exercendo seu poder de escolha. Sendo assim, como comunicóloga vejo que através da comunicação, do desenvolvimento das novas mídias, estamos alcançando um nível melhor de escolha das informações que vamos absorver, não precisamos nos contentar mais com o que a agenda setting determina.

By the way, espero que a transmissão do UFC via Rede Globo seja boa! Senão vou ter que começar a pagar o Premier Combat... ;)

Mas voltando a falar um pouco de USP, hoje pela manhã também me deparei com a triste notícia de que estudantes da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) estão no prédio da Administração da Unidade, protestando contra a presença da PM no Campus!!! Desde a minha época de estudante da graduação, sempre achei um pouco besta essa história de que a PM não poderia entrar no Campus por motivos históricos, por causa da época da ditadura etc etc. que um símbolo da repressão não poderia circular na Universidade que é território livre de pensamento e de expressão e bla bla bla...

Posso estar sendo meio egoísta, mas primeiro eu penso em segurança! Em 2003, quando entrei na Universidade, logo depois da euforia de ter passado no vestibular, já começamos a lidar com os probleminhas de segurança da Universidade! Tinha um estuprador, depois teve um monte de assaltos e carros de amigos meus sendo arrombados... Em 2011, voltei para a Universidade, agora como aluna de Especialização e mais uma vez, assaltos, arrombamentos de carros, sequestros relâmpagos e por fim, agora veio até a morte do rapaz Felipe Ramos de Paiva, numa tentativa de assalto no estacionamento EXATAMENTE ao lado do estacionamento por onde eu passava para ir para a minha aula. Inclusive, eu vi a cena do crime, estava saindo da minha aula, passei na frente daquele estacionamento, vi os carros de polícia, o corpo do rapaz ainda estava no local do crime e eu assustei porque até então, não era nem um pouco comum ver a PM no campus.

Desde aquela fatídica situação que culminou na morte do rapaz (Felipe), de vez em quando vejo a PM passando pelo Campus, ainda acontecem alguns crimes, mas são menores e com certeza diminuíram muito em comparação ao que acontecia antes. E agora, por causa de alguns estudantes que estavam fumando maconha e foram abordados pela PM, um monte de outros inconsequentes fazem uma reivindicação para a PM sair do Campus???!!! Poxa, gente! Um pouquinho de bom senso, né?! Vocês preferem poder voltar a fumar maconha livrementente pelo Campus do que evitar que mais meninas sejam estupradas, mais carros sejam arrombados, mais pessoas sejam sequestradas ou até mortas??!!! (e que fique bem claro que não tenho nada contra o pessoalzinho da maconha!!! Cada um faz o que quer da vida!! Não vou ser hipócrita, eu sou a favor da legalização, mas isso são outros quinhentos...).

E por fim, por falar em ações impensadas, em "toda poderosa", a Rede Globo impõe um padrão "Sudeste" de vida. Os âncoras de jornal são treinados para falarem como paulistas, mesmo quando são de outras regiões do Brasil; as novelas e apresentadores de programas colocam o "carioquês" como sotaque padrão; e, normalmente, os personagens nordestinos são um tanto esteriotipados. Ainda essa manhã vi um pequeno protesto de um nordestino cansado de ser discriminado e ofendido pelos não-nordestinos. E não quero defender nenhum dos preconceituosos, mas como paulista, posso dizer que somos induzidos ao preconceito, nas ruas, em casa e até mesmo nas escolas, aprendemos que os "bahianos" invadiram São Paulo e arruinaram tudo! Calma, calma! Só estou reproduzindo aqui o que nos ensinam desde criancinhas... Eu lembro que no primário, quando a "tia" ensinou o êxodo rural ela usou como exemplo os nordestinos que vinham para o sudeste! (coitada! e ela ainda estava com alguns erros conceituais meio grosseiros nesses exemplo).

O fato é que para os paulistas (e talvez isso sirva também para os cariocas, os capixabas e não sei se os mineiros), em sua maioria, não percebem que nós não seríamos tão "desenvolvidos" sem a força de trabalho que veio do Nordeste. Gente muito trabalhadora e que veio ocupar vagas de trabalho que os narizes empinados daqui não aceitaríam fazer, como se houvesse algum tipo de vergonha em trabalhar! E se no começo chegaram aqui como mão-de-obra desqualificada, mas considerável força de trabalho, tenho a impressão de que hoje o pessoal daqui não tem preconceito, mas sim despeito e inveja, pois os nordestinos provaram muitas vezes na história sua inteligência, talento e cultura e agora ocupam altos cargos de trabalho aqui, hoje ocupam lugares importantes no governo e as vagas das melhores universidades do país! Eu conheci muita gente do ITA e descobri que uns 60% dos alunos de lá são Cearenses. Dos amigos da UNICAMP, acho que tinha uma parcela beeeeem significativa de nordestinos também, a começar pelo meu Alagoano preferido, que é o amor da minha vida e um engenheiro com um futuro brilhante pela frente pela sua inteligência e idoneidade.

Agora quanto às alegações de que nordestinos foram os culpados pelo vazamento de informações do ENEM e que podem causar o cancelamento dessa prova recentemente realizada, pode até ser que um grupo de Nordestinos tenha feito isso, mas não se deve generalizar! Em todo lugar tem gente muito boa e tem gente muito ruim, dizer que TODO nordestino é mal caráter é estupidez e inveja das brabas! Paulistas ruins têm às pencas, bem como Gaúchos, Barrigas Verdes, Paranaenses, Mato Grossensses, Manauaras, Cariocas etc. E esse País está cheio de gente muito boa também, então vamos tentar fazer parte dos bons e começar não tendo preconceitos bobos, não sendo intolerantes com as diferenças, aceitando que o nosso Brasil é muito rico em diversidade cultural, em inteligência e em bom caráter. Quem só consegue ver o lado ruim de tudo e torna isso a "verdade absoluta", não conseguirá nunca ser feliz em sua realidade. A gente tem que mirar nos bons exemplos e guiar nossas atitudes de forma a permitir que eles se multipliquem.

Só pra terminar... SEM EXTREMISMOS, né, gente?! A Globo, a PM e os povos de todas as regiões do Brasil são tão bons quanto maus, são tão fortes quanto vulneráveis e acertam tanto quanto erram. Endeusar uns, endemoniar outros, a humanidade faz esse tipo de julgamento desde os seus primórdios, mas devemos lembrar que somos capazes de raciocinar e portanto refletir um pouco antes de tomar atitudes que possam prejudicar outros ou ofendê-los. Liberdade de expressão é uma coisa, mas expressar idiotices sem pensar nas consequências não é motivo de orgulho para ninguém, na verdade, é um vexame dos grandes!