segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Fiber Glass: new way of life

Meu! É impressionante como pequenas coisas têm um impacto tão grande para mudar a sua vida... Eu fiz um curso de laminação em fibra de vidro no fim de semana e hoje a minha vida parece estar tão diferente!

Tá certo que tem um pouco de exagero, afinal, não vou largar tudo e sair laminando por aí... Mas a verdade é que a partir de agora eu tenho mais uma profissão: "Oi, prazer, eu sou Relações Públicas e Laminadora de Fibra de Vidro!" (risos).

Bom, brincadeiras à parte, mas há 2 anos eu não me imaginava no ponto em que estou agora. Hoje eu já me vejo, em breve, se alguém me pedir para me apresentar, dizendo minhas habilidades e tal, eu vou dizer: "Oi, muito prazer, meu nome é Karen, sou velejadora, mergulhadora amadora, relações públicas, laminadora de fibra de vidro, também restauro barcos e faço pias de mármore sintético e sou ambientalista, com especialização na utilização consciente de recursos hídricos e descarte adequado de resíduos da laminação. (risos)

Isso me lembra a Angélica, uma moça que conheci em um cursinho, que fiz no começo do ano, preparatório para concursos públicos, ela se apresentou assim: "Oi, eu sou doutora em direito (sei lá das quantas)". Eu olhei pra ela e disse: "Oi, prazer, eu sou a Karen e não sou doutora!" (risos)

Voltando ao assunto... Eu me formei há 3 anos, em Comunicação Social com Habilitação em Relações Públicas. E naquela época eu tinha pavor que isso me definisse. Hoje eu tenho orgulho de me dizer uma Relações Públicas, porque amadureci a ideia que eu tinha sobre a profissão. E eu não preciso ser aquela profissional fútil só preocupada com os coquetéis e festinhas de final de ano, nem apenas com os muraizinhos da empresa e com o famigerado "rádio peão". Eu vejo hoje a possibilidade de fazer a diferença dentro de uma organização, tanto com a educação ambiental e conscientização em termos de sustentabilidade desde a alta gerência até os colaboradores mais simples e os terceirizados, me vejo como uma agente modificadora. Afinal qualidade e economia podem sim andar juntas. Aprendi coisas tão legais nesse fim de semana do curso de laminação, por exemplo, que em muitas empresas, a qualidade do produto fica comprometida por falta de consciência dos trabalhadores, que gastam material em excesso, gerando desperdício para a empresa e defeito no produto, pois não há a conscienticação adequada sobre o conceito de sustentabilidade e excelência. Além disso, me vejo como uma conhecedora do meio ambiente e dos processos de laminação de fibra de vidro, com uma visão muito mais técnica, o que faz de mim uma excelente comunicadora para empresas que lidam com esses temas e que precisam de alguém que represente, planeje e gerencie a imagem da organização, a comunicação  integrada, de forma a trabalhar os conceitos comunicacionais tendo conhecimento técnico desses assuntos.

E eu que tenho carteira de motorista desde 2003, mas tinha medo de dirigir e só comecei a dirigir de novo há 2 semanas, pois enfrentei e superei meu medo, hoje não só dirijo o carro para qualquer lugar, como também navego qualquer barco em águas abrigadas, com a minha habilitação de arrais amadora. E em breve não terei nem limites de navegação, pois está nos planos tirar as habilitações de Mestre Amadora e de Capitão Amadora. E pensar que semana que vem vou fazer meu curso de mergulho com certificação internacional PADI, sendo que há 2 anos eu tinha pavor de água, há 4 anos eu nem sabia nadar (nem boiar)! E pensar que eu que nunca terminava nada na minha vida, terminei no ano passado o curso de língua japonesa e hoje já posso escrever cartas para os meus avós, tios e primos no Japão e ler as notícias no site japonês. Pense agora na minha auto-estima como está? (risos)

A auto-estima está tão lá em cima, que não sei  quem é maior, ela ou a felicidade que ela proporciona. Lógico que pra conquistar uma felicidade desse tamanho é preciso não ter preguiça, nem medo de trabalhar, estudar, enfim, de lutar muito pelos sonhos e pela superação dos obstáculos. E ao invés de gastar o meu tempo e a minha energia reclamando da vida, da falta de sorte ou das contas a pagar, investir o mesmo tempo e energia para realizar os feitos que me trouxeram até aqui.

Já consigo ver a vida sob uma nova perspectiva, não só porque aprendi a laminar ou fazer mármore sintético, não só por dirigir carros e pilotar barcos, não só por ver a minha profissão como algo mais promissor do que antes, não  só por ter aprendido a nadar e por estar prestes a me tornar uma mergulhadora certificada internacional, mas por tudo isso junto, pelo sentimento de que sou capaz de fazer qualquer coisa que eu queira, desde que me empenhe por ela, pela minha auto-estima que massageia o meu ego e que me faz ser mais feliz e pelas minhas conquistas que deixam todos os que amo orgulhosos de mim e faz os estranhos me admirarem, isso tudo assim, nessa mistura maluca da minha vida é que me mostra novos caminhos a serem seguidos, um jeito novo de encarar a vida e o que está por vir.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

I believe!

Que jogue a primeira pedra a garota que nunca teve algum devaneio de contos de fadas!

A maioria das mulheres, hoje, pode não admitir, mas em algum momento, pelo menos, num passado distante, sonhou com um príncipe encantado chegando em um cavalo branco, ou desejou que sua fada madrinha aparecesse para salvá-la da sua vidinha normalzinha...

Eu tinha um pouco de complexo de Cinderela quando eu era criança, achava que um dia surgiria uma fada madrinha que me transformaria na mais bela de todas as meninas e que eu sairia correndo da baladinha, eu perderia algum documento e algum dia um belo rapaz em seu gol bola branco apareceria no meu portão me pedindo em casamento! (risos) Tá, não era bem assim, forcei um pouco a barra aqui... Mas a verdade é que, sim, eu queria ter um sapatinho de cristal e esperava que alguma fada madrinha aparecesse para me deixar mais bonita (lembrando que eu ainda era a japa gorda, feia, nerd e antissocial).

Quando eu fiquei mais velha, lá pela adolescência, eu sempre achava que algum "príncipe encantado" apareceria no meu portão a qualquer momento com flores e dizendo que sempre foi apaixonado por mim e que agora tinha tomado coragem de se declarar. Claro que os supostos príncipes encantados daquela época eram meninos que estudavam comigo no colégio (blargh!) e os amigos da faculdade do meu irmão (esses até eram mesmo mais interessantes!!! risos...). Lógico que essa é a parte mais boba da minha crença em contos de fadas, mas no fundo, nunca deixei de acreditar que eles existissem de verdade, mesmo que de formas diferentes das contadas para as crianças.

A verdade é que mesmo depois de descobrir que Papai Noel não existia, eu continuei a colocar no meu quintal a graminha para as renas comerem e o baldinho com água, pois eu tinha pena delas, deviam estar cansadas depois de percorrerem tão longas distâncias. Eu sempre vi a minha vida como um conto de fadas, porque eu acho a minha vida feliz demais para ser realidade. Ouvia as pessoas falando o tempo todo de problemas familiares, problemas financeiros, problemas de relacionamento... O meu único problema era não ter um namorado, mas essa era a parte em que eu ainda acreditava que um dia chegaria um príncipe encantado! (risos)

Um dia, uma amiga me disse: "Karen, eu não acredito que realmente exista felicidade!". Eu olhei para ela horrorizada com aquela afirmação e pensei: "Cara! Ou ela é uma pessoa muito infeliz ou eu sou muito estúpida, porque eu me considero feliz...". Outro dia uma amiga disse que não acredita em "alma gêmea" ou "a pessoa feita para você"... CARAMBA! Como um ser humano consegue sobreviver sem acreditar no "Felizes para sempre"?!?!?!?!?!

'o_O

Talvez eu seja a ingênua, a louca, a boba, ou sei lá o que... Mas eu acredito na felicidade, tanto que me considero suuuuuper feliz. Tenho uma família que me apóia nas minhas loucuras, me dá suporte diante das dificuldades, me ama; moro numa casa muito boa, sem problemas financeiros, com até muito conforto; tenho um namorado MARAVILHOSO (falo mais sobre ele depois), me dou super bem com a família dele, meus sogros são ótimos, minha cunhada é a irmãzinha que eu sempre quis ter; tenho boa formação acadêmica e apoio dos meus pais para seguir estudando para ter um bom futuro profissional; tenho oportunidades incríveis na minha vida, já viajei para a Europa, para o Japão, para a Argentina, sem falar nas viagens pelo Brasil, para o Nordeste, para o Sul, dentro do Sudeste mesmo... Se eu reclamar da minha vida, mereço levar uma porrada bem no meio da cara, porque loucura seria reclamar de um ou outro probleminha ou contratempo, diante de tanta coisa boa que eu tenho na minha vida! Eu VIVO um conto de fadas...

Além dessa felicidade, que acho que nem preciso mais dizer nada, né?! Eu sou a prova viva de que felicidade existe, sim. No que diz respeito a não acreditar que exista "a pessoa feita para você", posso dizer que passei anos e anos da minha adolescência sonhando com um príncipe encantado, mas que quando o MEU príncipe chegou, ele tinha mais era ares de sapo... Calma! Meu namorado é lindo, deixa eu explicar: acontece que ele era beeeeeeemmmm diferente de tudo o que eu idealizava no homem da minha vida. Eu sonhava com um cara magro, alto, cabelos compridos, sem muitos pêlos nem barba grossa (porque eu tinha nojo! risos), metaleiro, branquelo, nerd, meio esquisito, meio antissocial, sedentário (como eu era! risos)... Certo, na época em que o conheci, ele: tinha cabelo curto, ele é baixo, não é muito magro, é beeem peludo/ barbudo, estava numa fase meio raver, era um popzinho, andava de bicicleta, pelo menos era branquelo e nerd! risos... Eu não sei porquê eu gostei dele e não sei porquê ele gostou de mim, já que eu também não exatamente correspondia ao tipo de mulher que ele procurava. E, no entanto, foi algo absolutamente mágico, pois ele é de Maceió e eu de Santo André, eu estudava em São Paulo e ele em Campinas e nós nos conhecemos em um ônibus a caminho de uma conferência de estudantes em Maringá! Agora alguém diga que não houve uma conspiração das boas energias do universo para que nós ficássemos juntos!

O que tenho a dizer sobre "príncipes encantados" é que eles existem! O meu é o que eu esperava, a Fera de A Bela e a Fera! (risos) Ele é mal humorado e peludo, me ama e, na maior parte das vezes, é desajeitadamente fofo. Somos bastante diferentes um do outro, mas ao mesmo tempo, aprendemos muito um com o outro, pois ambos sempre estivemos dispostos a entender um pouco mais do mundo do outro. E o resultado disso é que hoje nós temos o NOSSO mundo, os NOSSOS sonhos, e aprendemos a respeitar as particularidades de cada um. E somos TÃO felizes juntos!!

Como não acreditar em contos de fadas, em felicidade, em príncipe encantado, ou no "Felizes para sempre"?! I'm living my life happily ever after because I believe!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

In the land of the blind, the one eyed man is king

Há duas semanas, minha mãe se submeteu a uma cirurgia na boca. Nada muito complicado, apenas um enxerto para posterior implante dentário. Mas durante aproximadamente 30 dias, ela não pode comer nada sólido, tudo o que ela vai ingerir deve ser passado no liquidificador e ela deve tomar de canudinho.

Bem, passaram-se duas semanas e ela está aguentando bravamente. Mas ela vive olhando para a gente comendo e diz "ai, como é bom poder mastigar, né?" e "sua comida parece uma delícia!". Eu fico com pena da minha mãe, mas é ela mesma quem sempre diz que ela é feliz, pois mesmo que a comida dela seja líquida, ao menos ela tem o que comer, afinal o mundo está cheio de gente que nem isso tem. O que eles não dariam pela sopinha batida no liquidificador da minha mãe?

Ontem, enquanto nós estávamos jantando, minha mãe disse "ai, filha, que delícia você poder comer a comida mastigando, né?! É tão bom mastigar!". E eu não pude evitar a piadinha com fundo de verdade: "pois é, né, mãe? Mas tem muita gente por aí que prefere tudo mastigado...". Todo mundo riu, mas secretamente todo mundo conseguiu pensar em algum exemplo de pessoa que se encaixa nesse grupo.

É tão bom quando a gente luta para conseguir atingir nossos objetivos e, de fato, conseguimos alcançá-los, né?! O sabor de uma conquista normalmente é equivalente ao esforço demandado. Quando conseguimos as coisas de mão beijada, tudo mastigado, sem esforço, não damos valor.

Eu demorei anos para conseguir perder o medo de dirigir, porque como diz o próprio instrutor especializado em fazer gente habilitada perder o medo de dirigir, o primeiro passo para perder o medo é conseguir ligar para ele e marcar a aula. Realmente, eu demorei anos para tomar coragem de ligar para ele e, no dia em que consegui combinar a aula, fiquei torcendo para eu ou ele termos uma dor de barriga e a aula ser cancelada. Mas passada a primeira aula, a primeira superação, tudo começou a dar certo. Hoje eu consigo dirigir a qualquer lugar, tendo consciência de que sou péssima motorista, mas já não tenho medo, não me apavoro com buzinas e com gente xingando a minha mãe, vou com calma, sem pressa, quando o carro morre eu ligo de novo, quando engasga eu dou risada, e assim vou seguindo. Tenho em mente que a melhora vem com o tempo e que só de ter superado o medo, já foi a maior de todas as conquistas. Hoje dou muito mais valor ao simples ato de dirigir do que certamente teria dado se tivesse sido fácil desde o começo, se eu nunca tivesse tido de enfrentar o pavor de dirigir alguma vez na minha vida.

Tenho certeza de que a minha mãe dá muito mais valor ao simples ato de mastigar, do que a maioria das pessoas, que mastigam a comida com pressa e sem nem pensar no que estão fazendo, engolem a comida ainda quase inteira e saem correndo para fazer qualquer outra coisa. Tem gente que gosta de tudo mastigado na vida, mas que vida mais sem graça deve ser essa, na qual não se precisa lutar por nada!

Sou diabética desde os 15 anos de idade. E antes disso eu comia arroz, massas, batata, frituras, doces, hamburguer, hot dog, pizza... Comia como uma ogra! Hoje, eu preciso selecionar o que vou comer e, quando me permito comer alguma dessas coisas "proibidas", eu degusto como se fosse a melhor e mais rara comida do mundo, mastigo, sinto o sabor e vou comendo bem devagar, curtindo o sabor. Quando eu era saudável não dava valor a essas comidas mesmo gostando de come-las, hoje, para mim elas valem mais do que ouro.

É triste, mas quase sempre a gente só dá o devido valor às coisas quando as perdemos. Quantas histórias de gente que só dá valor ao companheiro(a) quando perde. Quantas histórias de gente que só dá valor à visão quando a perde, ou à fala, ou à audição, ou aos bens materiais, familiares, amigos... Mas que coisa mais besta, né?! Por que esperar perder para dar valor?

Tão melhor seria se as pessoas passassem a valorizar a felicidade que possuem nesse exato momento em vez de pensarem nos problemas que estão vindo. Que bom seria se as pessoas ficassem felizes com o que acontece de bom em suas vida, ao invés de ignorar essas dádivas e ficarem só martelando nos problemas. 

Problemas todos temos, mas cabe a cada um escolher se será um refém deles ou se superará cada um deles sem deixar de valorizar tudo de bom que acontece concomitantemente. Mas afina, parece que é mais fácil passar o dia reclamando das contas a pagar e das políticas dos governantes corruptos, do que sentir-se grato por ter saúde, por ter uma família, por ter um teto etc.

Eu sempre digo pra minha mãe, que às vezes a gente reclama que não tem um calçado novo, mas tem gente que não tem calçado nenhum e, pior, tem gente que nem pé tem para usar um calçado. Tem gente que reclama dos gastos, mas tem gente que não pode nem gastar. Tem gente que reclama do trabalho, mas tem gente que nem trabalho tem!

Quando somos egoístas demais e pensamos apenas nos nossos problemas, parece que eles são os piores possíveis, mas quem consegue olhar em volta, percebe que nossos "problemas" seriam a solução para muitas outras pessoas. 

No filme SETE ANOS NO TIBET um monge diz a seguinte frase: "Se um problema tem solução, então você não precisa se preocupar com ele. Se um problema não tem solução, então preocupar-se não vai ajudar a resolve-lo."

Se as pessoas não se preocupassem tanto com seus supostos problemas, talvez conseguissem dar mais valor a felicidade que possuem agora e não na felicidade que esperam conquistar no futuro quando não existirem mais problemas. Para o pessimista sempre haverá problemas, então a desejada felicidade futura, sempre estará no futuro, não vai chegar nunca! E, no AGORA, há tanto para se comemorar, para dar valor, há tanta felicidade...

Dizem que em terra de cego, quem tem um olho é rei. Eu diria que nesse mundo cheio de gente que se afoga nos próprios problemas, quem nada para a superfície e consegue ver a felicidade por cima do mar de problemas é rei. 

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Filosofia do Pernilongo

Essa noite havia um pernilongo no meu quarto. Ele fazia um barulhão irritante e já tinha me deixado com as pernas e os braços coçando. Levantei da cama, coloquei o veneninho na tomada, aproveitei para fazer um xixi e voltei para o quarto para dormir tranquila. O veneno não funcionou e o safado do pernilongo continuou a me azucrinar. Eu então levantei, acendi a luz do quarto e comecei a caçada para matar o tal insetinho. De repente me dei conta da cena patética: eu, de madrugada, saltando pelo meio do quarto e batendo palminhas para tentar matar aquele porcariazinha que não me deixava dormir.

Liguei o ventilador e dormi.

Há cerca de 10 anos, eu JAMAIS faria isso, teria perdido, se necessário fosse, a noite inteirinha na caçada pelo tal pernilongo, não descansaria enquanto não tivesse ele espatifado na minha mão suja do meu próprio sangue e do corpinho magricelo do pernilonguinho. Mas o tempo passa e a gente muda, né?! Hoje em dia acho que a minha noite de sono é demasiadamente preciosa para eu perder meu tempo com um insetinho tão insignificante que nem consegue vencer o ventinho do ventilador que meu irmão comprou por R$30 nas Casas Bahia há mais de uma década.

Eu já tive muitas faces... Pra começar, era a japonesa gorda, nerd, feia e antissocial. Depois passei por uma daquelas transformações ao maior estilo "patinho feio" e passei a uma fase totalmente patricinha, fresquinha, ainda nerd e antissocial, mas fiquei bonitinha e aprendi a valorizar meu corpo através de roupas que me fizeram pular de "gordinha feia" para "japa gostosa" (certo, um regiminho me ajudou nessa mudança!! risos...). Depois cansei de ser "gostosa", foi o princípio da fase metaleira. Mas chegou a faculdade e eu passei para a fase "bicho-grilo". Superada essa fase, vou só mencionar que passei por uma fase baladeira não muito certa das idéias e daí eu conheci o meu namorado, primeiro e único! Depois eu perdi meu irmão, que era meu melhor amigo, meu suporte, meu tudo e começou a minha fase maníaca-depressiva, totalmente malucona, psicótica, doida varrida, sem noção. Depois veio a fase velejadora, que não é exatamente uma fase, pois não tende a acabar, mas sim a se agregar às futuras fases. E recentemente a mais nova de todas é a fase ambientalista, eco-chata, corajosa e aventureira.

Todo mundo muda, espera-se que, para melhor. Hoje eu prefiro protetor solar do que quilos de maquilagem, porque sei que a beleza que o protetor solar proporciona, vai ser mais efetiva futuramente do que a beleza instantânea proporcionada por uma boa maquilagem. Acho que aprendi a ser menos imediatista, perdi aquela coisa dos adolescentes de querer que todas as coisas aconteçam AGORA por medo de perderem a oportunidade ou a fase da vida. Roupas e calçados, não tenho mais coleções inteiras, as que eu tenho hoje em dia são as confortáveis, afinal roupa bonita é aquela que me deixa confortável. Parei com os video-games, hoje o meu negócio é viver na vida real as aventuras dos meus heróis preferidos, então eu velejo, eu escalo, eu salto, eu corro, eu viajo pelo globo, eu dirijo, eu cozinho, eu tenho amigos de carne e osso, nada contra os virtuais, mas cá para nós, a vida é muito mais interessante sem a intermédio de uma telinha.

Enfrentei meus medos, tracei novos rumos, idealizei com mais maturidade e mais clareza os velhos planos do passado. Hoje eu prefiro camping do que hotel, pela proximidade com a natureza, pela delícia da simplicidade, pela diversão e por ser mais barato. Prefiro uma boa noite de sono a uma baladona ou ao desafio de acabar com a vida do insetinho chato. Prefiro um bom livro do que a televisão. Hoje eu prefiro pisar na lama da Represa Guarapiranga e ficar com o pé cheinho de sangue sugas para conseguir chegar ao meu barco, do que ficar sentadinha na cama jogando Zelda e fazendo o Link velejar entre as ilhas do jogo. Eu prefiro ir ao supermercado, comprar os ingredientes e fazer um jantarzinho todo especial, na companhia do meu amor, do que ir a um restaurante da moda. E acho mais gostoso o café na prensa francesa, que dá um trabalhão pra fazer, mas é muito mais café. Hoje eu não bebo mais para ficar bêbada, aprendi a degustar boas bebidas. E prefiro comer queijos holandeses e franceses com uma boa garrafa de vinho e a companhia do meu namorado, do que as cervejadas com um monte de gente que eu nem conheço direito. Voltei a ser uma idealista, mas agora com ideias mais amadurecidas sobre o que eu efetivamente posso fazer para colaborar com o mundo. 

Mudei, porque tudo na vida muda, a própria natureza tem ciclos, e a nossa vida é feita de períodos, fases a serem vividas e superadas. O passado deve ser uma feliz lembrança e um aprendizado; o presente, como o próprio nome diz, é um presente, uma dádiva a ser aproveitada intensamente e ser a base para as ações do futuro; e o futuro não precisa ser incerto, é só uma questão de planejamento e de perseguir os sonhos. Mudar é amadurecer, aprender com os erros, reconhecer suas fraquezas e suas derrotas, é ser capaz de analisar criticamente a si mesmo e aos outros de forma a se tornar melhor a cada dia.

Quem critica os velhos amigos, os vizinhos, os parentes, os conhecidos ou quem quer que seja por essas pessoas terem mudado, é porque não tem a capacidade de amadurecer e notar que a vida passa sem pedir licença, silenciosamete, impiedosamente e initerruptamente, e quem não quer ser deixado para trás, deve se adaptar aos novos rumos e novos tempos, deve se tornar uma pessoa melhor, amadurecida, mais responsável, menos mimada, mais disposta, mais flexível, ou seja, quem está vivo precisa mudar, pois os acomodados são como mortos-vivos, atrapalhando o caminho e buscando sugar a energia vital daqueles que batalham para serem felizes.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Sailing Happiness

Sentada a bombordo do Saltimbanco, o veleiro que meu namorido e eu compramos, sinto o vento tocando meu rosto junto com a água que espirra loucamente. Meus óculos de sol, apenas para não entrar água nos olhos, porque não há sol. O barulho do vento passando pelas velas e da água indo de encontro ao casco, são praticamente os únicos sons do ambiente. Logo atrás de mim, na popa da embarcação, uma mão no leme e a outra na escota da vela mestra, está o homem que eu amo. Nós seguimos a tarde toda assim, em silêncio, apenas curtindo a presença um do outro, naquele ambiente que é o nosso preferido.

Nos dias em que velejamos é quase sempre assim. A gente sente a felicidade vindo em rajadas, fortes e assustadoras. Nós damos valor a tudo aquilo que carregamos conosco no Saltimbanco: a companhia um do outro, nossos sonhos, nossa cumplicidade silenciosa, o vento que corta de um lado a outro, a água que vem de todos os lados e se espalha por todo o convés, nosso relacionamento que fica mais forte a cada novo bordo e a cada novo jibe...

Desde que começamos a velejar, há pouco mais do que um ano, muita coisa mudou. Nós descobrimos a vida que queremos para nós para sempre, mas não é só isso. Passamos a pensar que não adianta comprar um monte de coisas, adquirir um monte de bens, se eles não couberem dentro do nosso barco onde planejamos morar. Aprendemos também que somos tão insignificantes na natureza, dependemos dos ventos e das águas e precisamos estar em sintonia com esses elementos e com os animais que vivem nesse ambiente.

A gente depende da intensidade do vento, das marés, das chuvas, dos animais, enfim, nós temos que nos adaptar ao que todo um conjunto de elementos impor. Assim perdemos aquela arrogância típica do ser humano de achar que é o dono do mundo e que tudo e todos devem se curvar perante sua magnitude. Não! Nós somos só uma partezinha e precisamos nos adequar, pois as coisas não acontecem sempre do jeito que nós queremos que aconteçam.

A arte de ser flexível, o dom da paciência, a humildade, tudo isso nós ainda estamos aprendendo e creio que sempre teremos um pouco mais a aprender a cada dia das nossas vidas.

Recentemente eu entendi que TODO MUNDO erra, e quem não erra é porque tentou pouco. Então cabe a escolha: uma vida sem erros e sem aventuras ou uma vida repleta de grandes feitos e equivalentes erros? Não sei, posso estar errada, mas me parece tão mais feliz aquele que erra (e aprende com os erros!).

Dia desses li numa revista: "No mar, muito acerta quem desconfia que às vezes erra.". Achei essa frase fantástica e termino esse post, acrescentado a ela, mais duas citações que eu acho bárbaras:

"Eu aprendi com a primavera a me deixar cortar e voltar sempre inteira." (Cecília Meireles)

"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o seu próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver. (...) o mundo na TV é lindo, mas serve para pouca coisa. É preciso questionar o que se aprendeu. É preciso ir tocá-lo." (Amyr Klink)

domingo, 21 de novembro de 2010

Ventos e Insetos

Há um inseto na janela. Ele está há horas dando cabeçadas no vidro, tentando atravessá-lo.  Cabeçada atrás de cabeçada, mas o coitado não sai do lugar. Ao mesmo tempo, um ventinho gostoso entra pela mesma janela, pelas frestas na lateral. Mas mesmo que não existissem as tais frestas, o vento entraria pela porta ou por alguma outra janela. Mas e o inseto? Até quando ele vai ficar dando cabeçadas no vidro?

Uma vez me disseram que a vida dos insetos é muito curta. Bom, para alguém que vive apenas algumas horas, ou, com sorte, alguns dias, esse pequenino na minha janela, está perdendo muito tempo da preciosa vida dele tentando ultrapassar um obstáculo que poderia ser facilmente evitado se ele desse uma volta maior ou se ele tivesse a capacidade que o vento tem de se flexibilizar a ponto de passar pela menor das frestas.

Tem muita gente "inseto" por aí, dando cabeçadas na vida, sem sair do lugar, reclamando de tudo e de todos, acreditando que existe uma conspiração do universo para tornar sua vida mais difícil. Como se a vida dessas pessoas fosse tão importante a ponto de o universo se dar ao trabalho de conspirar contra elas. Gente que se recusa a dar uma volta maior, porque colocou na cabeça que ESSE é o caminho mais curto/ fácil para atingir seus objetivos e, que por ser muito esperto, não vai perder essa "oportunidade".

Deveria existir mais gente "vento" por aí. Flexíveis, espertos, sem preguiça de dar a volta maior. Gente disposta a fazer o que for preciso para que as coisas dêem certo. Gosto de gente "vento". Não se abalam com coisas pequenas, não ficam reclamando da vida, ao invés disso, poupam a energia das reclamações, para transformar em ações. 

O vento ajuda a polinizar as plantas, faz com que veleiros naveguem e com que aviões se mantenham no ar. O vento é poderoso, pode ser um agradável conforto nos dias quentes, mas também pode acabar com cidades inteiras quando na forma de tornados e tufões. Ele é uma das formas mais expressivas de a natureza mostrar que está viva e sentindo cada uma das nossas ações. Gente vento é assim, poderosa!

Os insetos também ajudam a polinizar, obviamente tem papel importantíssimo nos ecossistemas. Mas vamos concordar que são chatinhos, né?! Alguns ficam sobrevoando nossas cabeças fazendo barulho irritante, outros picam, mordem, sujam... E não são muito espertos! Gente inseto é assim, lógico que desempenham até funções importantes, fazem parte da vida da gente, mas são chatos e não são muito espertos, embora sejam os que mais se acham inteligentes, espertões e tals.

Todos os dias eu descubro a felicidade em algo novo. Hoje, para mim, a felicidade está em ser vento, em sonhar e saber que mesmo que eu tenha que dar uma volta enorme, eu vou realizar os meus sonhos. A felicidade está em saber que o impossível só existe para aqueles que já se acomodaram. Neste momento eu vejo frestas e me preparo para percorrer o caminho mais longo se for necessário. Estou feliz por não estar tão obcecada por um objetivo a ponto de não enxergar o vidro e ficar dando cabeçadas nele.