Quem nunca quis um lindo filhotinho de estimação e depois que o bichinho cresceu deixou-o de lado?
Acho que pouquíssimas pessoas responderão a essa pergunta dizendo que NUNCA deixaram seu bichinho de lado. Afinal, somos egoístas e antes de mais nada, partimos do princípio de que os animais existem para nos servirem, por sermos uma espécie superior, dotada de inteligência etc. Mas mesmo que os animaizinhos não tenham a mesma capacidade intelectual que o ser humano, ainda assim eles têm sentimentos!
Sempre vejo na televicão aquelas campanhas para que as pessoas não adotem um animalzinho sem pensar antes nas consequências, para que não acabem abandonando o pobrezinho depois. Eu concordo totalmente, acho que se a pessoa se dispõe a ter um animalzinho de estimação, precisa ter consciência de que isso demandará tempo, dedicação, dinheiro para os cuidados gerais, carinho, atenção etc.
Ontem assisti um filme chamado "10 promisses I made to my dog" (dez promessas que fiz ao meu cachorro), o filme é japonês, o título original é 犬と私の10の約束. Eu me emocionei bastante, chorei litros!! (risos) Conta a história de uma menina de 13 anos, que quer muito ter um cachorro, mas a mãe só permite com a condição de que ela faça as 10 promessas que todas as pessoas devem fazer ao seu cachorro. E então a mãe enumera as promessas como se fosse o cachorrinho dizendo, são as seguintes:
1) Ouça pacientemente o que eu tenho a dizer;
2) Confie em mim, pois estarei sempre ao seu lado;
3) Brinque muito comigo;
4) Não se esqueça que eu também tenho sentimentos;
5) Não vamos nunca brigar, porque um dia eu posso ganhar;
6) Se eu não obedeço, tenho um bom motivo para isso;
7) Você tem escola e amigos, mas quanto a mim, eu só tenho você;
8) Continue sendo meu melhor amigo mesmo quando eu estiver velho;
9) Eu só vou viver aproximadamente uns 10 anos, então vamos fazer cada momento valer a pena;
10) Eu nunca vou esquecer nossos momentos juntos, por isso, quando a minha hora chegar, por favor esteja ao meu lado.
Lógico que o filme tem aquela característica de dramalhão japonês (para quem não conhece: são piores do que os mexicanos!!), mas mesmo assim é muito lindinho. Eu gostei até mais do que de Marley e Eu, pelo fato de não dar foco nas travessuras do cachorro, mas sim no quanto nós humanos somos egoístas tanto em relação aos animaizinhos quanto em relação a nossos familiares e amigos (afinal, normalmente os animaizinhos acabam meio que virando um membro da família também e, em certos momentos podem mesmo ser nossos melhores amigos!).
Quando o Eddie, meu irmãozinho canino, veio para a minha casa foi uma revolução! Antes dele nós tivemos o Leão e o Rex que eram do meu irmão e eu tive o Duque. Todos os três sofreram muito, coitadinhos, nós os deixávamos o tempo todo presos por uma corrente no quintal, nem conseguiam andar mais do que 2 metros de distância de suas casinhas, fizesse calor ou fizesse frio, dormiam na casinha de madeirinha no quintal. Eles tomavam banho de mangueirada (o coitado do Rex chegou a ser lavado com água sanitária pela Bá, minha tia, que na época achou que ele estava encardido demais!). A vida desses três não foi nada fácil! O Leão foi roubado (ele era muito bonitinho!), o Rex foi atropelado na frente da minha casa por um carro em alta velocidade e o Duque, nos últimos anos já era chamado pelos amigos da família de "surradinho" e quando estava beeem velhinho, meu pai comprou uma vitamina para ele, mas na bula estava escrito que para cães a medida era meia colher de chá, e para cavalos uma colher de sopa; meu pai querendo que o cachorro ficasse mais fortinho logo, cavava um buraco no pão francês, tirava todo o miolo e enchia dessa vitamina, resultado: o cachorro morreu de overdose! Ficou cego, não conseguia mais se sustentar sobre as próprias patinhas e um dia amanheceu morto!
Na época em que o Duque morreu, meu irmão e eu já não concordávamos há muito tempo com a forma como meus pais insistiam em criar os cãezinhos. Nós gostávamos de animaizinhos e achávamos que poderíamos mudar isso tudo.
Decidimos que queríamos outro cãozinho, mesmo os meus pais tendo proibido a gente disso! Meus pais diziam que a gente só queria e depois nem cuidávamos do bichinho e que acabava sobrando pra eles cuidarem e que depois eles se apegavam e o bichinho acabava morrendo e quem sofria mais eram eles!!!
Mas como eles conseguiam se apegar aos cãezinhos?! Eles deixavam os pobre coitados sofrendo amarrados no quintal!!! Nunca nem visitavam o bichinho pra fazer um carinho, só iam lá, deixavam a comida e a água e de vez em quando davam uma mangueirada neles e no quintal por causa da sujeira... E só!!
Meu irmão e eu bolamos um plano: nosso próximo cãozinho seria tratado como um rei! Escolhemos os nomes: se pegássemos uma fêmea seria Lika, se pegássemos um macho seria Eddie (por causa do Irona Maiden!! risos).
Saímos de casa dizendo aos meus pais que estávamos indo a uma feira de animais que estava acontecendo no estacionamento do Carrefour. Mas quando chegamos lá no Carrefour, descobrimos que a feira tinha acontecido até um dia antes! Ficamos bem chateados, mas não desistimos...
Entramos em um pet shop que havia no caminho para a nossa casa, lá perguntamos para a atendente qual era o preço de um Beagle (que era o que queríamos!!), tudo na faixa de R$600 na época. O meu irmão era universitário, mas recebia mesada do meu pai, porque ainda não trabalhava; eu ainda estava no ensino médio, minha única "renda" era o troquinho que eu conseguia juntar deixando de lanchar na hora do intervalo (guardava o dinheiro que minha mãe me dava pra comer no colégio) e o que deixava de gastar em ônibus, porque eu precisava pegar 2 ônibus pra chegar em casa, então eu ia a pé até metade do caminho e pegava só um ônibus para economizar aquele dinheirinho.
A atendente da loja mostrou outras opções, me apaixonei por um Fila lindo, filhotinho todo preto que tinha na loja, enquanto meu irmão brincava com os Lhasa que estavam do lado. De repente a mulher trouxe 3 filhotinhos que estavam em uma vitrine, que era mestiços de Cocker com Fox, eles estavam lá para adoção, só tinha quepagar os R$10 da vacina. Um desse filhotes, o mais lindo, todo branquinho e barrigudo, se jogou na mão do meu irmão! Que safado! Como ele adivinhou que eu sou a ruim e meu irmão que era o coração mole??!! Resultado: Voltamos para casa com um lindo filhotinho que nos custou apenas R$10 e uma pequena mentirinha pro meu pai nos deixar ficar com ele! (risos)
Desde o primeiro dia do Eddie em casa, a vida dele já era muuuuito diferente da vida dos outros cães que tivemos antes. Pra começar, ele dormia no banheiro do quarto do meu irmão. Forramos o chão todinho com jornal e como ele estava se sentindo muito sozinho, eu dei um dos meus bichinhos de pelúcia para ele. Nos primeiros 4 meses de vida do Eddie, o meu irmão e eu revezávamos, eu ficava com o Eddie o tempo todo das 13h (hora que eu chegava do colégio) até as 23h (hora que eu ia dormir para acordar às 5h30 no dia seguinte e ir para o colégio); o meu irmão ficava com o Eddie das 18h (hora que ele voltava da faculdade) até as 13h (hora que ele saia para a faculdade e que eu chegava para cuidar do "Dinho"). Na verdade, das 6h até mais ou menos as 12h, o Eddie fazia-nos o favor de dormir junto com o meu irmão! (risos)
O Eddie tomou todas as vacinas, vermífugos, tinha uma cama quentinha, dormia dentro de casa, tinha acesso livre aos quartos, sala, cozinha etc. Ele tem uma "gaveta" de brinquedos, cobertores (daqueles de bebês), ração das melhores marcas, toooodooo cheio de frescuras!
Quando ele tomava vacina só queria ficar no meu colo depois, ninguém podia nem tocar nele! E quando era dia de ir no pet shop tomar banho, era o meu colo que ele queria também... A vida dele, até então éramos eu e o meu irmão!
Em dezembro daquele ano, o Eddie estava com 7 meses, meu irmão e eu estávamos doidos para curtir nossas férias escolares e achamos que o "Dinho" já estava bastante grande, não precisava mais da gente o tempo todo com ele, então falamos a máxima das pessoas que têm um animalzinho, mas só pensam em si mesmas: "Nossa vida não pode girar em torno do cachorro! Ele existe para nos divertir e não o contrário! Vamos viajar!".
Meu irmão e eu fomos para a praia, passamos quase um mês lá. Nesse tempo, meu pai disse que o Eddie entrou em depressão, ficou super mal... Tadinho! Daí meu pai, com dó dele, ficou fazendo companhia pro bichinho.
Quando voltamos de viagem, o Eddie fez festinha pra gente, brincou e tals, mas a pessoa que ele mais amava no mundo agora atendia pelo "nome" de PAPAI!!
Foi assim que o Eddie nunca mais largou o meu pai por nada nesse mundo! Nunca vi amor igual. Se meu pai sai algumas horinhas só para ir ao banco, ou quando ele vai pescar, o Eddie não levanta do sofá, ele não bebe água, não come a ração, aliás não come nem picanha se a gente der, não faz xixi, não faz cocô, não late! Quando meu pai vai tomar banho, o "Dinho" fica na porta do banheiro chorando a arranhando a porta!
Há 6 anos, meu irmão faleceu, minha mãe se apegou à religião, eu tive uma depressão, mas o psicólogo me ajudou a retomar a vida, mas meu pai ficava todas as noites, sentado no quintal, no horário que meu irmão voltava do trabalho, esperando ele chegar... E mesmo nas noites mais frias, o Eddie esteve o tempo todo ao lado dele! Se não fosse o Eddie eu não sei o que teria sido do meu pai.
Na verdade, o Eddie ajudou muito a família toda. Agora eu o vejo já com 11 anos, tão velhinho, cheio de verrugas, gordo e cansado. Eu sei que ele não vai viver pra sempre, para ser sincera, sei que logo logo o Eddie vai partir. Mas o Eddie ensinou coisas muito importantes para mim e minha família. Hoje meus pais se arrependem tanto da forma como tratavam os cãezinhos que tivemos antes, eu me arrependo de ter magoado o "Dinho" quando ainda era um filhotão de 7 meses, o Eddie nos ensinou o quão enorme pode ser o amor (dele pelo meu pai!)... E o mais importante de tudo, o "Dinho" nos ensinou que não importa o quanto a gente goste de ter animais de estimação, não devemos tê-los a menos que estejamos dispostos a nos doar verdadeiramente a eles, a fazer as 10 promessas e cumpri-las.
Desculpem pelo post ENORME! Mas o filme vale mesmo a pena... E se você tem um cãopanheiro de muitos anos também, prepare um lençol pra enxugar as lágrimas porque um lencinho é pouco!! (risos)
Pior é que o danado ai toma conta da casa e parece gente mesmo! Cachorro danado!
ResponderExcluirMuito bonito seu post, tenho um aqui em casa também, mas esse sim vive como rei, tudo que minha mãe já come ele sempre experimenta, é melhor tratado que a gente haha, mas eu amo ele demais..
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